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Carta do Gestor de Investimento – novembro/2019

Carta do Gestor de Investimento – novembro/2019

Ao longo do mês de novembro, ajustes relevantes impactaram a dinâmica dos preços dos ativos de risco, em linha com o cenário que vem sendo desenhado para orientar os investimentos do Serpros. No entorno global, os dados mostraram um crescimento ainda robusto da economia americana, afastando os temores de que uma eventual recessão estivesse avizinhando-se.

 

Neste sentido, a percepção de que a economia americana está saudável foi suficiente para esvaziar as apostas em cortes de juros adicionais, após os três cortes de 0,25% já feitos e, adicionalmente, sustentaram um movimento de apreciação do dólar ante as principais divisas do mundo. Em particular, a performance do Real destacou-se entre as maiores depreciações, registrando uma nova máxima histórica.

 

Cabe destacar que este movimento de depreciação cambial difere bastante daqueles experimentados até pouco tempo atrás. Era comum que a perda de valor do Real estivesse atrelada à perda de confiança dos investidores, com efeito sobre o aumento dos prêmios de risco e, finalmente, fluxos de saída de capitais. Em geral, políticas econômicas equivocadas, que sempre procrastinaram a realização do ajuste fiscal, produziam um aumento artificial do consumo cujos desdobramentos passam por aumento da inflação, aumento do déficit fiscal e desequilíbrio no Balanço de Pagamentos.

 

Deste modo, ao longo de 25 anos de Plano Real apenas a política monetária foi utilizada para garantir a estabilidade do nível de preços. Agora, ao endereçar questões fiscais, pode-se caminhar para um novo equilíbrio onde os juros são substancialmente mais baixos e a taxa de câmbio mais depreciada. Ou seja, os preços dos ativos mostram que a adoção das políticas adequadas permite lograr aqueles objetivos desejados, porém inalcançáveis de outrora.

 

Além disso, a correção de preços também afetou o mercado de juros. As taxas apresentaram elevações ao longo de toda a curva de juros em resposta a sinais mais conservadores emitidos pelo Banco Central. Assim, as expectativas em relação à trajetória da taxa Selic foram revisitadas considerando também o fato de que a inflação deve manter-se pressionada até o primeiro trimestre de 2020.

 

Por fim, o mercado de renda variável também reagiu à idiossincrasia doméstica e descolou-se da tendência global de valorização das empresas. Convém destacar que o otimismo em relação à primeira fase do acordo comercial entre China e Estados-Unidos impulsionou a propensão a risco, como ilustra a máxima histórica que registrou o índice S&P 500, da bolsa de Nova Iorque.

 

Em linhas gerais, apesar da correção de preços, as evidências seguem favoráveis. Os sinais de reaquecimento da economia são cada vez mais sólidos e disseminados. As expectativas de mercado para o crescimento econômico já vêm sendo revisadas para cima, de acordo com nossa hipótese de trabalho, sem maiores impactos sobre a trajetória de inflação esperada, que segue condizente com as Metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. Ou seja, o mais provável é que a dinâmica de preços em novembro seja mais técnica do que uma mudança de tendência.

 

Marcelo Castello Branco – Gerente de Investimentos

 

30/12/2019

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