04/04/2016
Por falta de conhecimento, muitas pessoas deixam de aumentar seus rendimentos, o que pode ser conseguido diversificando as suas aplicações. A caderneta de poupança, historicamente a preferida entre os brasileiros, é apenas uma das formas de investir os recursos pessoais.
No entanto, está longe de ser a mais rentável no momento, segundo especialistas. Ainda assim, dados do Banco Central, compilados pelo Instituto Assaf, mostram que os investimentos em poupança foram os que mais cresceram nos últimos cinco anos.
O aumento dos valores aplicados nas cadernetas foi de 101,7%, no período avaliado, enquanto os fundos de investimentos, como os de renda fixa DI, subiram 93%. Um dos principais motivos para esse quadro é o conservadorismo do investidor brasileiro, que prefere correr menos riscos. Marcelo Miranda, analista de investimentos do Serpros, chama a atenção para outras possibilidades.
“A escolha deve ser feita de acordo com o perfil de cada investidor, levando-se em consideração o nível de risco que cada um quer correr. Também sempre se deve avaliar o momento do mercado. Normalmente, as corretoras e os bancos fazem uma análise do perfil do interessado para apontar os melhores caminhos”, explica o especialista.
De acordo com Marcelo, os fundos de investimentos em ações são indicados para aqueles que querem correr certo risco – o que significa obter ganhos altos em pouco tempo ou perder parte do que foi investido. Nesse caso, o investidor deve pesquisar a taxa de administração do fundo e verificar a sua rentabilidade. “Os interessados devem fugir de fundos de ações que ultrapassem muito a margem praticada pelo mercado e também de fundos de uma única ação ou setor, buscando sempre aqueles que diversificam os investimentos”, aconselha.
Para os mais conservadores, uma opção são os títulos públicos, emitidos pelo governo federal com o objetivo de financiar a dívida pública. É o caso do Tesouro Direto, cujos títulos são divididos em prefixados e pós-fixados. No primeiro caso, o investidor contrata uma taxa fixa, que está em torno de 12,5% ao ano. Já nos pós-fixados, a taxa paga depende de algum índice de mercado, principalmente da taxa Selic. Há também títulos que pagam, por exemplo, a taxa do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), que está em torno de 6,5% ao ano, e mais taxa de 6%, somando quase o mesmo percentual dos prefixados.
Para quem escolhe essa alternativa, a dica no momento é procurar rar pelos títulos pós-fixados, devido à expectativa atual de aumento de juros. O analista destaca ainda que outro ponto importante na escolha do título é o pagamento ou não de rendimentos, os chamados cupons, que permitem entradas na conta do investidor de seis em seis meses. Com ou sem cupom, a rentabilidade é a mesma, vale ressaltar.
“Os títulos que pagam cupons são ideais para pessoas que querem viver de renda, por exemplo, e para aqueles que precisam retirar uma quantia todo mês. Mas, caso o investidor não tenha urgência, é indicado que ele invista nos títulos que não possuem cupons, já que os rendimentos são reinvestidos automaticamente e ele ganha nos juros sobre juros”, distingue.
Ainda é possível investir sem cair nas “garras do leão”. Os títulos de renda fixa chamados de LCIs e LCAs são isentos de imposto de renda. Os primeiros são emitidos pelos bancos com o objetivo de financiar o setor imobiliário, enquanto o segundo “empresta dinheiro” para instituições públicas ou privadas do setor do agronegócio.
“São títulos normalmente pós-fixados e atrelados às taxas de juros. O titular precisa declarar o investimento no IR, mas não é taxado. A rentabilidade varia de banco para banco e uma boa negociação é sempre o melhor caminho para conseguir a melhor taxa. Nesses casos, vale a pena uma pesquisa prévia no mercado”, orienta Marcelo.
No entanto, segundo o analista, a melhor dica é investir em planos de previdência. “Os fundos de pensão contam com excelentes analistas, que têm acesso a títulos a que normalmente o pequeno investidor não tem, além de estarem constantemente observando o mercado em busca das melhores oportunidades. Isso, atrelado a todos os outros benefícios, como dedução de IR e complemento de renda por motivos de licença médica prolongada, entre outros, faz do plano de previdência um dos melhores investimentos do mercado”.
Quando começar e que cuidados tomar?
Todos que tenham algum dinheiro sobrando podem e devem começar a investir, independentemente do volume do recurso. O especialista ensina, no entanto, que, para saber a quantidade de dinheiro disponível para investimento, é necessário fazer um cálculo mais cuidadoso.
“É importante fazer uma planilha com todos os gastos, considerando, além dos pagamentos fixos, os gastos emergenciais. Não levar em conta os imprevistos é o erro mais comum de quem começa a investir. O ideal é fazer uma média anual dos gastos extras. Normalmente, quando a pessoa está com o orçamento controlado, dispõe em torno de 20% a 30% da renda líquida para aplicações”, alerta.
Outra preocupação é a escolha da corretora que vai servir de interface entre o investidor e o Tesouro Nacional. O agente financeiro ou gerente da conta tem a obrigação de fornecer toda a orientação que facilite a decisão do cliente.
“O interesse de obter lucros ou conquistar o cliente não pode se sobrepor ao de ajudá-lo a fazer o melhor negócio. Os sites do Tesouro Nacional e de algumas revistas especializadas oferecem listas com as melhores corretoras do país, através de rigorosos critérios. Vale a pena consultar os rankings da Infomoney e da BMF Bovespa, por exemplo”, aconselha.
*A reportagem está publicada na Revista Serpros 5 (nov/dez 2014 jan/2015)
